Para este material especial, contamos com a contribuição e experiência do
Dr. Maurício Pimentel – ICATOR – CRM/SC 19.059 e do
Dr. Arthur Gentilli – Imunocore – CRM/SC 21.910, que compartilharam dados, perspectivas e alertas fundamentais sobre esse grave problema de saúde pública.
O mês de agosto é marcado pela campanha Agosto Branco, dedicada à prevenção e conscientização sobre o câncer de pulmão e os riscos do tabagismo. Essa é uma das doenças mais desafiadoras no cenário da saúde pública mundial e que, no Brasil, já desponta como uma das principais causas de morte por câncer.
O tabagismo é historicamente o maior fator de risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão. No entanto, não é o único: a exposição à poluição ambiental e o histórico familiar também representam ameaças importantes e exigem atenção.
Desde a década de 1970, as doenças cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC), ocuparam o topo das estatísticas de mortalidade. Contudo, nas últimas décadas, o câncer tem se consolidado como a principal causa de morte em grandes cidades e capitais, com previsão de que, até 2030, seja também a maior causa em todo o Brasil. Diferente do que muitos imaginam, não é apenas o envelhecimento populacional que explica esse cenário: o câncer afeta, cada vez mais, pessoas em plena fase produtiva, entre 35 e 60 anos de idade.
A redução no consumo de cigarro nas últimas décadas diminuiu de forma significativa os casos de câncer de pulmão. Porém, uma nova ameaça preocupa médicos e especialistas: a popularização do vaping e dos cigarros eletrônicos, especialmente entre os jovens.
Esses dispositivos, muitas vezes vistos como inofensivos, contêm uma mistura de substâncias potencialmente cancerígenas, capazes de aumentar o risco de doenças respiratórias graves. O que antes era incomum — diagnosticar câncer de pulmão em pacientes jovens — hoje se tornou realidade mais frequente, exigindo atenção e políticas públicas eficazes.
Um dos grandes desafios do câncer de pulmão é que, em 84% dos casos diagnosticados anualmente, a doença já está em estágio avançado. Isso ocorre porque os sintomas iniciais costumam ser silenciosos ou confundidos com problemas respiratórios comuns.
Nesse contexto, o rastreamento com tomografia de baixa dose é fundamental para pessoas com maior risco — como fumantes, ex-fumantes ou indivíduos com histórico familiar da doença. Diretrizes brasileiras já reconhecem esse método como eficaz para aumentar a chance de diagnóstico precoce e, consequentemente, melhorar os índices de sobrevida.
Ao contrário do senso comum, o diagnóstico de câncer não deve ser encarado como uma sentença de morte. Assim como doenças crônicas como hipertensão e diabetes, o câncer pode e deve ser tratado. O diferencial está em identificar a doença o quanto antes: quanto mais precoce for o diagnóstico, maiores são as chances de sucesso terapêutico e até de cura.
O Agosto Branco é um convite à reflexão e à ação. Conscientizar sobre os riscos do tabagismo e do uso do vaping, reforçar a importância da prevenção e estimular o rastreamento são passos fundamentais para reduzir o impacto do câncer de pulmão no Brasil.
Cuidar da saúde respiratória é um compromisso coletivo. Mesmo quem não fuma deve estar atento à exposição passiva e buscar orientações médicas regulares. Afinal, a informação e a detecção precoce são as armas mais eficazes contra uma das doenças que mais ameaçam a vida dos brasileiros.
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